A decisão de defender uma posição—seja de que natureza
for—é condicionada sempre por vieses, sejam de natureza política, religiosa,
económica, clubística, tribal, rebabá. Qualquer decisão política tem tratamento
diferente se partir do partido que se apoia ou de outro partido, mesmo que seja absurda e "jerical", como acontece agora em Portugal.
Mas o viés é universal, isto é, aplica-se a todos os
"humanos"—como o Dr. Soares chama aos homens e mulheres porque está
assim traduzido no livro de Stephen Emmott que leu em diagonal—e a todas as matérias, seja a
arbitragem no futebol, a literatura, ou o penteado do Dr. Portas.
Num estudo feito na
Universidade de Princeton, foram dadas aos estudantes 80 reproduções de
pinturas com o pedido de atribuir a cada uma nota entre 1 e 10. Metade dos
estudantes não tinha indicação dos autores e a outra metade tinha nomes de
alegados autores, tirados da lista telefónica ou de pintores célebres,
distribuídos aleatoriamente. Naturalmente, o resultado foi muito diferente
entre os dois grupos, com os nomes dos pintores célebres a condicionar as
classificações. E mesmo quando antes da prova os estudantes eram avisados que
os nomes podiam não corresponder à verdade, o viés continuava a influenciá-los.
E o pior é que todos negavam terem sido influenciados, ou enviesados. Aliás, uma
das características do viés é aplicar-se a si mesmo—todos negamos ser
enviesados, mesmo quando está na cara que somos.
Um dos vieses mais
frequentes é o chamado "efeito acima da média", ou "superioridade
ilusória" que, como os termos indicam, consiste em considerar-se o cidadão com qualidades de qualquer tipo acima da média—seja a conduzir veículos, em
popularidade, na qualidade da relação com o outro sexo e por aí fora. É o cafajeste que nos passa à frente na bicha da repartição
de Finanças, ou que estaciona bloqueando os carros dos outros.
Em suma, toda a gente
sofre de vieses e o melhor é comportarmo-nos sabendo que os temos. Por exemplo,
em algumas orquestras, os maestros fazem a audição de músicos candidatos a lugares
na instituição sem os ver—é-lhes impossível avaliar sem se deixarem influenciar
pela figura dos artistas, especialmente das artistas. Este das artistas é um
viés fatal!
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