Quadro de James
Rosenquist—exposição "Multiverse You
Are, I Am"
O princípio de que não existe nada fora do universo é fundamental
em Cosmologia—universo é tudo que existe e, portanto, não há nada fora dele. Se o espaço é infinito,
coisa que não "cabe" na nossa actual cabeça, pode existir mais
"mundo" desconhecido, é verdade, mas faz também parte do mesmo
universo de que nos apercebemos—não digo conhecemos porque seria basófia.
A coisa complica-se se dissermos que tal universo tem
leis diferentes; por exemplo que as constantes físicas são outras e não há lá
lugar para a vida, tal como existe na Terra. Mesmo assim, é filosoficamente
discutível se se trata de outro universo.
No máximo é apenas mais um "mundo" do universo. A questão, posta
assim, é mais semântica que cosmológica.
Mas, a existir outro universo com leis da Física
distintas, poderá perguntar-se onde mora—a milhares de biliões de anos/luz, ou
aqui? A pergunta pode parecer estúpida, e talvez seja, mas é legítima. O nosso
conhecimento é mau porque a informação que recebe dos sentidos é eventualmente
enganadora (ver o post "Somos cérebros numa Tina?"). Porque não está
ao meu lado, no preciso momento em que escrevo isto, um ser de outro universo—mas que ocupa o mesmo espaço—a ver a televisão lá do mundo dele ou a
ouvir música celestial, sem que se aperceba da minha existência, ou eu da dele?
E porque não podem coexistir dez "universos" neste espaço?
Pensará o leitor que estou a delirar com febre, mas a
minha temperatura actual, medida com um termómetro do nosso universo, é inferior
a 37º C. Não sei qual é a do meu companheiro do outro universo, mas calculo que
seja -273º C, próximo do zero absoluto—estou a sentir frio nos pés. O que digo são hipóteses admitidas por
gente quase tão ilustre e conhecedora como o Dr. Soares! No post referido atrás, cito
Descartes que, em 1641 (!), escreveu: Admito
que um demónio poderoso e enganador usou toda a energia e saber para me
enganar. Penso que o céu, o ar, a terra, as cores, as formas, os sons e todas
as coisas exteriores são meras ilusões de sonhos que ele arquitectou para
deturpar o meu julgamento.
Tal e qual! Ganda Descartes!
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