[...] Só
conseguimos o nível de vida dos últimos anos porque os alemães e outros
europeus nos emprestaram as suas economias. A dívida externa bruta do País,
incluindo Estado e privados, atingiu 386 mil milhões de euros em Junho. É isto
a crise. Os credores não querem que saldemos essa dívida, mas apenas que demos
garantias de conseguir ir pagando os juros. Foi esse medo que nos fechou os
mercados em 2010 e criou a crise.
Ficar zangado com
quem nos ajudou é estranho. Mais estranha é a continuação. A recuperação
portuguesa interessa-nos a nós tanto quanto aos credores, que perderiam tudo se
falíssemos. Por isso, em resposta às nossas dificuldades, eles decidiram
emprestar-nos mais 78 mil milhões de euros, impondo em troca que sigamos uma
cura exigente dos desequilíbrios. Estas condições são muito melhores que a
generalidade dos países gastadores tiveram ao longo dos séculos. Face a isto
fará sentido insultar a troika? São concebíveis alternativas melhores? Podemos
ralhar, mas não temos razão.
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João César das Neves in
"Diário de Notícias"
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