Logo a abrir, assenta ideias: “Uma das páginas mais lamentáveis da História da Igreja é a condenação
de Galileu Galilei pela Inquisição”, escreve.
E mais adiante: “Foram necessários mais de 300 anos para a
Igreja reconhecer o seu erro. (Concretamente,
foram 380 anos, digo eu). Em 1983, João Paulo II institui uma Comissão
Pontifícia para rever o processo de Galileu, que em 1992 reabilita as
suas teses”.
Noto que a comissão nomeada por João Paulo II levou quase
10 anos para tomar uma decisão sobre a inenarrável patifaria feita a Galileu,
homem de fé e um dos marcos do progresso científico moderno. Há um aroma a má vontade
pouco disfarçada por parte da Cúria Romana, talvez porque Galileu é uma das pedras
no sapato mais incómodas na História da Igreja.
Mas Fernando Calado Rodrigues termina muito bem ao dizer:
“Ao longo destes quatro séculos, tem-se
percorrido um longo caminho no diálogo entre fé e ciência. Porém, continuam a
experimentar-se as mesmas dificuldades em acolher os progressos científicos e
civilizacionais, quando eles parecem pôr em causa a doutrina oficial da Igreja.
Ainda há muito quem assuma um comportamento inquisitorial em vez de uma
abertura à novidade que pode enriquecer a doutrina cristã”.
Tal e qual! Ainda recentemente me interrogava sobre as vertentes
éticas da condenação, por João Paulo II, do uso do preservativo para prevenir
esse flagelo que é a SIDA em muitos países. Serão necessários mais 380 anos
para uma comissão reconhecer, ao fim de 10 anos de estudo do problema, que o
Papa estava enganado?
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