João Pereira Coutinho queixa-se hoje amargamente, num dos
jornais onde escreve, que foi a Londres e, quando lá chegou, não tinha camisas
nem cuecas para mudar porque João chegou, mas a mala não.
Coutinho soa a principiante a um veterano como eu, a quem
uma mala desapareceu numa viagem à Irlanda e só voltou a aparecer, na residência
em Lisboa, três meses depois, com aspecto de ter andado nas trincheiras da
Primeira Guerra Mundial e participado na Batalha de La Lys. E cujas malas sumiram
numa viagem para Itália, onde foi embarcar num navio de cruzeiro, tendo ido
para bordo sem as ditas. E a quem chegou a Lisboa, de regresso de Palma de
Maiorca, também sem bagagem. E blá, blá, blá.
Pelo exposto se vê que João Pereira Coutinho é jovem e
ainda lhe falta aprender muita coisa. Sabe lá ele o que é entrar no armazém de
perdidos e achados do Aeroporto de Heathrow e ser confrontado com a mais
completa colecção de malas “tipo Samsonite” da galáxia, juntando milhares de especímenes
todos iguais, e pedirem-lhe para verificar se a dele está lá. Coisa para “um
ataque de nervos”, se não mesmo um infarto do miocárdio maciço e fulminante.
O despacho de bagagem por via aérea é das operações mais
emocionantes da vida moderna. Faz parte das actividades que dão sentido à vida
e devem ser elevadas à categoria de património da humanidade. Que contribui
para maior felicidade que chegar a um aeroporto qualquer e constatar o milagre
da sua mala estar lá também?
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