Em Maio de 2002, dezenas de relojoeiros reuniram em
congresso, em Nova Orleães. Não havia um único mecânico entre eles, nem ninguém
falou de "escapes", rodas dentadas, ou "cordas". A conversa
andava à volta de espectros, níveis quânticos e outras coisas esdrúxulas. Em
boa verdade, nenhum deles era capaz de construir um relógio—na melhor das
hipóteses, faria um relógio de Sol mal feito.
Nos últimos quarenta anos, a ciência de medir o tempo avançou
a velocidade vertiginosa. Nos dias que correm, um relógio aceitável para tais
intelectuais será de césio e custa mais de 40 mil euros. Mesmo assim, é capaz
de se atrasar um milionésimo do segundo—1 seg:1.000.000—por mês, coisa
inaceitável, pois claro. É mil vezes melhor que o relógio mais preciso de 1975,
mas não presta. Um relógio para melhor, neste momento, atrasa-se menos de meio
segundo em 14 mil milhões da anos que é a idade do universo. Mas, com essa
coisa do tempo variar com a gravidade e com
a velocidade, ainda é um nadinha tosco. Quando voltar a Setúbal, vou perguntar
ao senegalês que vende relógios "Rolex" nas esplanadas se não tem coisa melhor que aquilo.
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