quarta-feira, 17 de julho de 2013

«O RELÓGIO»

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Não consigo imaginar o futuro, mas preocupo-me com ele. Sou parte duma história iniciada muito antes do que posso lembrar-me e continuará até muito depois de alguém se lembrar de mim. Tenho a noção de viver em tempo de mudança importante e sinto a responsabilidade de assegurar que tudo corre bem. Planto as bolotas, mas não espero colher nada do carvalho.
Quero construir um relógio que toca o sino uma vez por ano; o ponteiro dos séculos avança de cem em cem anos; e o cuco sairá a cantar no fim de cada milénio nos próximos 10.000 anos.
Quem assim fala é Danny Hillis, engenheiro informático, designer, inventor e promotor de «O RELÓGIO»—com maiúsculas. Os colaboradores são um biólogo e um músico. Criaram uma Fundação, chamada "The Long Now Foundation" e trabalham no fabrico—já em curso numa montanha do Texas—de um relógio capaz de trabalhar 10 milénios. Um protótipo mais pequeno foi feito e funciona, encontrando-se no "London Science Museum".
Qual a ideia?— perguntar-se-á. A ideia é filosófica.
Segundo os envolvidos no trabalho, não faz sentido medir o tempo—dimensão infinita, ou perto disso—com instrumentos de duração finita. Pior que isso, humilhantemente finita. Os relógios actuais não respeitam a continuidade do tempo.A civilização tem cerca de 10.000 anos. Estará possivelmente a meio da vida. Por isso, só faz sentido construir um relógio capaz de trabalhar, a partir de agora, até ao fim da civilização. Os relógios mecânicos actuais—os mais duradouros—trabalham algumas dezenas de anos. Os atómicos— de césio—duas décadas. Não faz sentido! Precisamos urgentemente duma máquina capaz de trabalhar até à consumação dos séculos. Obrigado Danny pelo esforço.

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