sexta-feira, 19 de julho de 2013

TAL E QUAL

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OS FILHOS DO 25 DE ABRIL


A geração que fez o 25 de Abril era filha do outro regime. Era filha da ditadura, da falta de liberdade, da pobre e permanente austeridade e da 4.ª classe antiga.
Tinha crescido na contenção, na disciplina, na poupança e a saber (os que à escola tinham acesso) Português e Matemática.
A minha geração era adolescente no 25 de Abril, o que sendo bom para a adolescência foi mau para a geração.
Enquanto os mais velhos conheceram dois mundos – os que hoje são avós e saem à rua para comemorar ou ficam em casa a maldizer o dia em que lhes aconteceu uma revolução – nós nascemos logo num mundo de farra e de festa, num mundo de sexo, drogas e rock & roll, num mundo de aulas sem faltas e de hooliganismo juvenil em tudo semelhante ao das claques futebolísticas mas sob cores ideológicas e partidárias. O hedonismo foi-nos decretado como filosofia ainda não tínhamos nem barba nem mamas. [...]

Assim começa um artigo de Pedro Bidarra no "Dinheiro Vivo". Depois diz mais coisas que devemos ler: os "pré 25" e os "pós 25 barra quatro". Leia tudo aqui.
Receio que não haja cura. Já Camões, pela boca do Velho do Restelo, manifestava dúvidas sobre o trajecto da Pátria de então, em fuga permanente para a frente:

A que novos desastres determinas
de levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas,
debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos e de minas
d' ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?

Não sou velho do Restelo, mas acho que Portugal precisa de parar para pensar e deixar de asnear, em nome do politicamente correcto. É tempo de viver a realidade, não em movimento demagógico uniformemente acelerado.  
...
(Com colaboração de António-Pedro Fonseca)
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