O americano médio come mais de 100 kg de carne por ano.
Para satisfazer tal apetite, 10 mil milhões de animais são abatidos anualmente
nos Estados Unidos. No resto do mundo Ocidental, deve haver diferenças, mas o
panorama geral não será diferente.
Esses mesmos comilões têm animais de companhia de quem
gostam e com quem gastam bastante dinheiro. Isto é, gostam muito de animais,
mas comem-nos! Num artigo publicado no jornal Current Directions in Psychological Science, o
psicólogo Steve Loughnan chama ao fenómeno o paradoxo da carne. Porque come o
leitor a vaca, o cabrito, o coelho e não come o gato que tem em casa, ou o cão ou o pintassilgo? Não sabe explicar.
Se me disser que sabe e vier com a conversa de que os
animais de companhia têm uma relação afectiva consigo, eu digo-lhe que, se
tivesse uma vaca em casa, no 3º Direito,
era capaz de a comer—de certeza! Ou julga que os agricultores não comem
os coelhos que criam, as cabras, ou as galinhas?
O problema é que o leitor—ou a leitora—tem preconceitos e
é racista com as bestas. Acha a vaca, o porco, a galinha e por aí fora animais
de segunda e o gato, o cão e o pintassilgo de primeira. Tome lá esta!
Eu também tenho preconceitos, mas acho o pintassilgo um
nojo e a vaca um animal merecedor do maior respeito. E a galinha também.
Vinicius de Moraes um belo dia escreveu assim: Excelsas galinhas, nobres vacas
nas quais parece dormir o que há de mais telúrico na natureza... Bichos simples
e sem imaginação, o que não vos contaria eu, no entanto, sobre a sua sapiência,
a sua naturalidade existencial... Muito bonito! Estou de acordo.Totalmente.
Se gosta tanto do seu cachorro, não devia comer bifes. Só isso! E tem uma de duas soluções: ou deixa de comer carne—o que inclui
peixes—ou come o seu gato de cabidela e assa o canário no espeto.
Pense nisso.
Eh...eh...eh...
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