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O absinto, já chamado de artemísia dos glaciares—a Artemisia absinthium com que é feito cresce abundantemente na região gelada de Val-de-Travers, na Suíça, país onde foi inventado no fim do Século XVIII—é a bebida da decadência. Musa de Manet na obra clássica de 1859, "O Bebedor de Absinto", e de Picasso na célebre escultura de bronze pintado, "O Copo de Absinto", de 1914, fez carreira na Belle Époque com o nome de
"Fada Verde". Consumido aos litros em Paris, quando os cafés se enchiam às cinco horas—"Hora Verde"— com dúzias de artistas e imensa parafernália de copos, colheres, cubos de açúcar, fontes de água gotejante e rebabá, a embebedarem-se metodicamente.
Além do efeito do álcool, o absinto tinha outras propriedades psicotrópicas o que o qualificava para ser considerado musa engarrafada. Puderam testemunhá-lo Rimbaud, Baudelaire, Paul Verlaine, Emile Zola, Alfred Jarry e Oscar Wilde. Para não referir van Gogh, mais a porfíria aguda intermitente que lhe deu a volta ao miolo e permitiu pintar coisas como os "Girassóis" e a "Noite Estrelada", eventualmente cortar uma orelha.
A bebida não existe mais—pelo menos na legalidade—no mundo civilizado actual. Mas a humanidade deve-lhe muito. Foi a aparadeira de grandes partos intelectuais.
Seria possível alguém dar uns copitos aos membros do nosso abençoado Governo? Só com absinto vão lá. Digo eu!.
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