sábado, 1 de junho de 2013

BALÕES DE OXIGÉNIO PARA UM GOVERNO

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[...] A intervenção que emocionou a noite coube ao reitor da Universidade de Lisboa, um tal Sampaio da Nóvoa. O dr. Nóvoa parece carenciado em matéria de ligações à realidade, mas pródigo em lirismo. Sempre sob intensos aplausos, explicou que "Agora é preciso construir caminhos". E que "Um encontro [das esquerdas] pode decidir uma vida". E que "Não podemos perder a Pátria nem por silêncio nem por renúncia". E que "Abril abriu-nos à vida". E que "Sentimos este desespero de quem está a morrer na praia às mãos de visões curtas, estreitas e desumanas". E que "Podemos falar, podemos conversar e agir em conjunto". E que "É preciso renovar a política".
Convém notar que a reitoria da UL continua a primar pela excelência intelectual: a verborreia do dr. Nóvoa mantém os níveis estabelecidos por José Barata Moura, autor de Joana come a papa. Convém notar ainda que a única esquerda assumida capaz de chegar ao poder esquivou-se, horrorizada, à demonstração de arrogância antidemocrática levada a cabo pelos diletantes da Aula Magna: até António José Seguro percebe que, a existir um dia, a sua legitimação nunca advirá da vontade de uma clique privilegiada e caduca que brinca, felizmente sem consequências, a decidir quem manda à revelia dos cidadãos. Não sei se António José Seguro percebe que, pelas comparações que suscitam, brincadeiras assim constituem uma rara justificação para a sobrevivência de um Governo em frangalhos. [...]
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Alberto Gonçalves (para ler amanhã no "Diário de Notícias")
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(O sublinhado é meu)
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