segunda-feira, 17 de junho de 2013

NÃO PERTURBEMOS A MENTE

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Uma das matérias mais "mastigadas" neste blog tem sido a consubstanciada na pergunta "Porque existem todas as coisas em vez de nada?" É questão que classicamente opõe teístas a ateus, filósofos de correntes de pensamento diversas, independentemente de convicções religiosas, físicos e cosmologistas idem aspas, e pensadores de meia tigela, entre os quais me incluo. 
 Há quem considere a pergunta incoerente, ilógica, impossível de ser respondida pelas limitações intelectuais que são as nossas, blá, blá, blá; e há quem tenha fé—no sentido lato—de que um dia se chegará lá. Em boa verdade, não se afigura fácil tal empresa: já se foi até ao Big-Bang, feito notável, mas o Grande Bang ficou por explicar e, eventualmente, trouxe mais dúvidas que respostas à pergunta.
Há optimistas e pessimistas—William James, por exemplo,  escreveu que não há pontes entre o  nada e "todas as coisas"; e  Stephen Hawking tem "fé" que um dia a ciência esclarece tudo; caso para perguntar se não irá a ciência dar mais um passo em direcção às origens, até esbarrar noutro Bang ou Bing, ou Ping qualquer sem explicação.  
Uma coisa não pode perder-se de vista: o universo já foi feito de água, fogo, terra e ar e, com os filósofos pré-socráticos de Tales, passou a ser feito de átomos compactos e indivisíveis, e é hoje feito de átomos não compactos nem indivisíveis, porque se dividem em partículas e estas poderão ser feitas de filamentos vibráteis, ou cordas, de energia, mas já estamos nos leptões, quarks, bosões e por aí fora.  
Em resumo, na era pré-socrática não havia pontes—para usar a expressão de William James—entre a matéria macroscópica e a infinitamente pequena e hoje há pontes maiores que a Vasco da Gama. Hawking pode ter razão, mas numa coisa deve estar enganado: tais pontes nunca responderão à última pergunta, qual é a da existência de Deus. Nunca se chegará lá pela ciência, digo eu, pensador de S. Domingos de Benfica.
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