segunda-feira, 3 de junho de 2013

'TEMPUS FUGIT'

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Numa peça de 1993 chamada "Arcadia", escrita por um tal Stoppard, a personagem Thomasina diz a folhas tantas que, se em dado momento fosse possível parar todos os átomos do universo nas suas posições e movimentos, e se conhecêssemos completamente a lei que governa o cosmos, era possível  escrever a fórmula do futuro. E acrescenta: embora não exista ninguém tão inteligente capaz de o fazer, essa lei existe. 
Na realidade, anda toda a investigação científica e reflexão filosófica à procura dela. Mas o que interessa no bitaite de Thomasina é uma coisa aparentemente marginal a ele. Do seu ponto de vista, o tempo não conta; é um personagem passivo. As leis do universo são intemporais e o futuro está todo escrito nelas.
Anaximandro de Mileto, mais de vinte e cinco séculos antes, dizia que todas as coisas resultam doutras coisas e seguem para outras...  Até aqui, Anaximandro parece estar de acordo com Thomasina. Mas o grego era sábio e prudente e acrescentava: ...em conformidade com a ordem do tempo.
Em resumo, serve isto para perguntar: são os fenómenos do universo reais e o tempo uma ilusão do homem? Não é fácil dizê-lo—o passado foi real, mas já não é; o futuro será real, mas ainda não é. O tempo é uma sucessão de momentos, mas a verdade, a Justiça, as leis da Física e muitas mais coisas, aparentemente, existem fora dele, diz-se.
Será? Não sei, mas gostava de saber! Ando a estudar.
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