segunda-feira, 17 de junho de 2013

UMA PROMOÇÃO !

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Há dias, Eduard  Snowden, um americano com ar infeliz, disse ao mundo que a "National Security Agency", onde trabalhava, tem um centro que regista tudo, desde conversas telefónicas até correio electrónico, peças publicadas no Facebook e equivalentes, blá, blá, blá, e que ele até podia ouvir os telefonemas da sua mulher para outras pessoas, saber quanto dinheiro tinha ela levantado no banco, ou as páginas da Internet ou do Facebook visitadas e por aí fora. O mesmo para si, para mim, para elas, para eles, para nós, para vós, etc.
No ano de 1844, um italiano chamado Giuseppe Mazzini, que conspirava para fazer a unificação dos reinos de Itália sob a forma duma república e havia sido condenado à morte e fugido para Londres, suspeitou que a sua correspondência era violada pelo Ministério do Interior britânico. Com técnicas engenhosas, pelo envio de cartas para si próprio, tirou a prova dos nove ao facto.
Através de um amigo deputado na Câmara dos Comuns, conseguiu que a coisa fosse levada ao Parlamento e o ministro disse que não respondia a perguntas sobre matéria secreta porque...  era secreta. Seguiram-se discussões, comissões, orações, frustrações, desilusões e relatórios—claro!!! Durante o debate parlamentar, alguns deputados propuseram que a leitura das cartas fosse considerada legal, desde que o destinatário fosse disso informado. A tal respeito, Disraeli declarou que não se importava nada que abrissem as cartas dele, desde que se encarregassem de lhes responder.
Curiosamente, ao ler a notícia do centro da NSA, pensei também que me incomodava pouco o facto. Para ser sincero, senti até um nadinha de vaidade, ao pensar que uma instituição tão ilustre como a CIA está interessada naquilo que digo, escrevo e publico. E, já agora, aproveito a oportunidade—por isso falo na matériapara pedir aos homens da Intelligence que me enviem opiniões e sugestões para "O Dolicocéfalo" que, estou certo, ocupa lugar de destaque nos seus arquivos. Fico, desde já, grato pela atenção que queiram dispensar-me.
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