[...] O Governo corta a direito nos rendimentos dos
cidadãos, invocando a circunstância excepcional em que o país se encontra.
Então, por que não adopta o mesmo critério em relação às PPP ou a outras áreas,
como as rendas excessivas da energia, que são formas de proteccionismo do
Estado a grandes empresas, pagas pelo contribuinte?
A tolerância em relação a estas situações é uma inversão
do estado de excepção em nome do qual têm sido justificada a austeridade.
Enquanto os interesses dos mais fortes estiverem protegidos, não é possível legitimar
politicamente os sacrifícios exigidos ao país. E não basta aliviar a consciência recordando as
culpas que o PS tem neste cartório. O Governo tem razão em invocá-las no debate
partidário. Mas o passado não serve de desculpa para justificar os sacrifícios
excepcionais exigidos aos cidadãos e as isenções desse esforço permitidas excepcionalmente
àqueles a quem é mais difícil ao Estado cobrar.
Editorial in "Público"
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